quinta-feira, 16 de setembro de 2010

11:57 Hora do desespero.

Estava sentada entre conversas, sentia. Mas não sentia pouco. Era uma galáxia se aproximando. Meu telescópio imaginário mostrando um desvio para o azul. Os três últimos minutos da manhã cansada demorariam tanto quanto nos outros dias?
Não escutava. Mas desenhava na carteira da mesa. Balançava o pé, instintivamente. Olhos pequenos. Muito pequenos. Perdidos entre cílios que prometiam um desejo, de vez em quando. Ou até dois, quando fosse um dia de sorte.
Costumava se perguntar muito. Reclamar muito. Perder o chão demais. Hoje em dia havia uma sensação de estar satisfeita. Pelos livros que lia. As músicas que escutava. Os parabéns que recebia. E os sorrisos que despertava. Era menos... sabe? Eu nunca soube explicar. Mas sempre houve uma necessidade de uma harmonia, que ela sabia que não a tinha.
Parava na frente do espelho no final da tarde. Com o vento entrando pela janela. Tirava os sapatos, as meias, a blusa. Tirava as mágoas, as tristezas, a impaciência. Calça, sutiã, calcinha. Ficava com frio. Um frio de pré-noite. De pós-dia. Da pele descoberta e macia. Teimava em descobrir algo. Que não encontrava nem no seu reflexo. E as vezes se enganava com os excessos. Com os vícios. E se orgulhava de não se orgulhar em ser uma metamorfose ambulante. Tentava não demonstrar. E pedia demasiado silêncio. Porque ele é necessário. Porque alguém já tinha lhe dito que quem menos diz tem mais o que dizer, e ela concordava. Acreditava nas pessoas, e era estranho, pois não acreditava em si mesma. Mas o que fazer sem a incoerência de todos os dias?

Sabe... Eu não estou triste, você entende? Eu só não sei e nunca soube.

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