sábado, 9 de outubro de 2010

Everyone but you.

Leve. Mas não bem-me-leve. Eu te disse que era a melhor noite da sua vida, mas não tinha tanta convicção nisso. Sabe quando é melhor dizer do que reprimir? Falar as entre linhas. Suspirar os sobre olhos. Envergonhar os risos. Fingir não querer agarrar todas as oportunidades para perguntas inconvenientes e te fazer dizer ''Ah, mas quem sou eu pra''. Eu estava assim. Como qualquer sentimentalista. Nem a primeira e nem a última. Ah, quanta tolice.
E tinha esse vinho que você saqueou dos seus pais, junto a comidas feias que não me pareciam comestíveis. E tinha essa cortina florida e lençol de peixes. Uma TV ligada para evitar visitas constantes dos parentes. Já tínhamos dedilhado e cantado alguma coisa velha. Já tínhamos rido sobre nossas mãos pequenas grandes com veias. Juntas. Você me perguntou sobre eles e eu sobre elas. Pediu-me pra não pensar muito. Puxou-me para um meio abraço meio tudo bem não somos tão fofos, você sabe. E então estávamos dançando uma música escolhida com cuidado.
Eu temo, compreende? Quando você anseia por uma companhia, por um calor, por carinhos espontâneos, você simplesmente sabe. E ainda que o outro às vezes repreenda, não entenda, enlouqueça. Surpreenda. Há esse querer mais, pensar mais, se importar tanto.
O que eu temo é o cansaço, meu bem, os pensares e pesares. Os beijos que não vêm, as conversas não-minhas, o tempo não-comigo.
E ainda, mesmo quando você repita ''mas você sabe, não sabe?'', ainda vou pensar que talvez, bem talvez, eu não saiba.

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