domingo, 31 de outubro de 2010

Em algum lugar de ponta negra.

Estou de novo onde as flores são da cor do amanhecer. Percebi isso uma vez, mas não esqueci. Trato de não esquecer, mas às vezes, é difícil. Não sei como funciona, mas gosto de andar por onde o sol me despenteia, cora e traz suor. Gosto. As cores ficam mais bonitas por trás do meu óculos barato. Sem falar naquilo que não escutam falar de mim. Me pergunto agora se meus sentimentos são mais importantes que os seus. Se deveriam ser. Não quero te falar bobagens. É engraçado me ouvir falar babaca. Mas antes de tudo, os pedidos de desculpa. Certo? Mas. Não sei. Sou só uma criança. Me sinto assim toda vez que me ouço falar e me ouço sentir. Está tudo bem, não estou triste. Mas se quer saber, não acha que andar por outra cidade seria igualmente bonito? Não consegui pensar em outra coisa a dizer. Pra você também é estranho imaginar que ficar velho é tão estranho quanto pensar no quanto já fomos novos? Mais ainda, meu bem. Não sei como te apelidar, mas estou feliz em poder te escrever dessa forma. E descrever também. Estou mesmo. Pra mim, é sair dos andares pesados da realidade. Porque eu estou aqui e você lá. Entende? Meus sapatos, meus cadernos velhos e feios, o verde da não-falta, os prédios que não dizem. Sou eu?
Estou à vontade em relação à falta. A aceito. Porque ouvi falar que era a condição.

Um comentário:

Camila P. disse...

até que eu fique à vontade em relação à falta, passo necessariamente por um período em que a saudade come por dentro. e dói.

belo texto.